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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
A Entrega Feminina como Dominância Emocional
Por Typhonblue (Alison Tieman)
Saudações. Sou a Typhonblue e hoje estou apresentando o primeiro de uma série de artigos que eu estou chamando de V-leaks: Revelando o Códice Feminino.
Esta série vai se concentrar na análise de como as mulheres desenvolvem e empregam o poder de uma maneira feminina. E por feminina eu quero dizer, como uma manifestação de uma combinação de biologia feminina e socialização feminina.
Apenas uma nota para deter as inevitáveis acusações de “misoginia”. Se você considerar misógina esta série, então, por extensão todo trabalho que envolve o estudo do uso e abuso de poder dos homens — incluindo o meu próprio vlog em estruturas de poder masculino chamadas de apexuality* — é um oceano de misandria suficiente para afogar o mundo inteiro.
Faz um tempo que havia um terrorista local no Canadá que atacava a infra-estrutura relacionada ao processamento de gás e transporte. Ele fazia isso porque ele sentia que esta infra-estrutura é que foi a responsável pela doença em sua família. Ele era um sobrevivente e um homem muito religioso.
Um dia, chegaram para entrevistar uma de suas filhas. Ela explicou que tinha sido ensinada que “as mulheres eram mais frágeis do que os homens.” A notícia, obviamente, incluiu esse trecho a fim de difamar o pai dela como um misógino horrível. Mas eu entendi uma dinâmica muito diferente aí. Ela expressou esse sentimento exatamente da mesma maneira que às vezes um homem jovem arrogantemente proclama seus “talentos de pegador”.
Agora, por que isso acontece?
Para explicar a origem de sua atitude presunçosamente superior vamos dissecar o conceito relacionado de esposa dedicada.
Para aqueles que não o conhece, uma esposa dedicada é uma mulher que decidiu, geralmente de forma unilateral, abdicar de toda atuação e de toda responsabilidade em um relacionamento. Ela simplesmente responde a tudo o que o marido faz ao suportá-lo sem comentários e desfrutando de um “deus-gasmo” sobre ser uma boa cristã à custa dele.
Um exemplo de uma “esposa dedicada” é uma mulher que, quando o marido pega um caminho errado em uma auto-estrada, ela nunca o informa de seu erro e deixa-o dirigir a metade de um dia na direção errada.
Consegue imaginar?
Como isso está relacionado à dominação emocional feminina, você pode perguntar? ... Isto é, se você já não pegou o espírito da coisa.
Bem, vou explicar o que realmente acontece.
Os seres humanos têm um instinto muito forte para cuidar de criaturas que são indefesas. Nós temos esse instinto porque nossos filhos são os mais indefesos e dependentes em todo o reino animal. Nosso instinto de ajudar os indefesos é, portanto, o mais desenvolvido na Terra.
Ele é capaz de substituir o nosso instinto de sobrevivência. Há muitos exemplos de pessoas (principalmente homens) sacrificando suas vidas para salvar outras. Nosso instinto de cuidar dos indefesos também substitui o nosso instinto sexual, o que explica porque os cuidados paternos na espécie humana são tão compromissados e comuns. Instintivamente, homens humanos irão, preferencialmente, se concentrar em cuidar de seus filhos em vez de cortejar outras opções sexuais (há exceções, é claro, mas essas exceções confirmam a regra.)
Esse instinto de proteção nos homens pode atingir um degrau acima. Não só os homens têm esse instinto como também eles são socializados para ver sua identidade de gênero girar em torno de exercê-lo. O pressuposto implícito de “mulheres e crianças, primeiro” é o de que os homens provenham esse “primeiro”, e se não o fizerem, eles não serão homens.
Para usar uma expressão original, um corpo social do homem, sua positiva identidade social ou espiritual — e, por conseguinte, sua ligação à sociedade humana — é composta de sua capacidade e disposição para atender as necessidades daqueles percebidos como mais impotentes do que ele próprio. Assim, não só os homens têm um instinto para ajudar os indefesos, eles também têm uma forte compulsão social por cima desse instinto.
Lembre-se disso. A própria sobrevivência do corpo social do homem — a sua identidade espiritual positiva — está subordinada ao sacrifício pelas necessidades dos mais indefesos antes que as dele mesmo.
Agora vamos dar uma olhada mais de perto em como alguém pode explorar esse instinto de uma forma agressiva.
Todo mundo entende que, quando uma pessoa A aponta uma arma para a cabeça de uma pessoa B, e faz exigências, essa pessoa A está colocando uma enorme pressão sobre a pessoa B para que esta faça tudo aquilo que a pessoa A quer.
O que as pessoas não entendem é que essa pessoa A pode facilmente apontar a arma para sua própria cabeça, e, ao apontar para si mesma, colocar a mesma ou mais pressão sobre a pessoa B para que esta faça tudo aquilo que aquela quer.
No primeiro cenário, a pessoa A está provocando o instinto de sobrevivência da pessoa B; no segundo, ela está provocando o instinto de proteção dele. Funcionalmente, ambas as ações são sobre suportar a tremenda pressão coercitiva em um alvo, desencadeando um instinto poderoso. A segunda ação tem a vantagem de permitir que a pessoa A mantenha-se “vítima”, “impotente” e “não prejudicando ninguém”, uma vez que ela está apenas ameaçando a si mesma.
Mas a realidade é que ela está secretamente prejudicando a pessoa B através do uso da força coercitiva.
Assim, quando você ler o resto deste artigo, lembre-se que provocar o instinto de proteção de uma pessoa é uma força tão coercitiva quanto provocar seu instinto de sobrevivência. Se você quiser, toda vez que eu me referir a uma mulher provocando o instinto protetor de um homem ao assumir um comportamento submisso, imagine, em vez disso, ela colocando uma arma em sua própria cabeça. Ou, se isso ainda não esclarecer o suficiente a natureza coercitiva da provocação do instinto de proteção dele, imagine, em vez disso, que ela está apontando uma arma para a cabeça dele. Esta imagem não é exagerada, já que quando um homem não consegue proteger uma mulher, seu corpo social está em perigo, portanto, todos os exemplos em que ela desencadeia o instinto de proteção dele é também um exemplo em que ela está ameaçando a existência contínua do seu corpo social, da sua ligação positiva com a sua comunidade.
Quando uma mulher se encaixa no estilo de vida “dedicada” (em qualquer uma de suas formas, inclusive seculares), ela está, em essência, inflando sua condição de indefesa, a fim de parasitar tanto o instinto de proteção de seu companheiro quanto a conexão entre a sobrevivência do corpo social dele e sua provisão pelos indefesos. Quanto mais indefesa ela é, mais o instinto dele é acionado, e mais implícita a ameaça que ela está dirigindo em direção ao corpo social dele se ele não der vazão às necessidades dela.
Se ela fizer isso direito, ela pode atingir um nível aparente de vulnerabilidade que pode ser colocada à frente até mesmo da de um bebê. Isto porque ela está na posse de um nível relativamente adulto de ação (mesmo que ela não permita que seu marido se beneficie da própria existência) e porque procura evitar a comunicação primária e incômoda de um bebê. Assim, ela pode parecer ainda mais inerte e pouco comunicativa e, portanto, mais completamente indefesa do que um bebê.
Pense em quão emocionados ficariam pais e mães de primeira viagem por, não apenas não ter que lidar com todas as necessidades de consumo de um recém-nascido, como também que esse recém-nascido não tivesse absolutamente nenhuma maneira de comunicar essas necessidades. Uma criança completamente silenciosa e incapaz até de chorar. Aparentemente, isso pode parecer um alívio não ter uma criança lhe incomodando, mas imagine por um momento como muito pior será para um pai e para uma mãe estarem dominados pelo medo sem fim de não saberem se eles estão fazendo tudo certo ou errado, ou não o suficiente ou se excedendo.
Não apenas a mulher dedicada quer que seu marido descubra de forma abrangente as necessidades dela tais como as de uma criança recém-nascida, como ela incentiva um terrível nível de incerteza nele que ele fatalmente terá que cumpri-las.
É como se ela estivesse não apenas apontando uma arma para a cabeça dele, como também nem mesmo explicando as ações que ela quer que ele tome para evitar que o cérebro dele seja estourado.
Isso não deixa espaço no relacionamento — usando essa palavra de uma forma solta — para as necessidades e vulnerabilidades do homem. Basta perguntar a qualquer pai ou mãe de uma criança de três meses de idade como o cuidar de uma criança tem afetado o senso de si próprios e de serem capazes de cuidar de suas próprias necessidades. De fato, no modelo “esposa dedicada” pela qual a “criança” é o cônjuge presumível do homem, não só não há tempo para atender as necessidades dele, como não existe nenhum outro adulto na relação para atendê-las. (E apenas uma nota: atender às necessidades do seu parceiro masculino não é sinônimo de dar-lhe quinze minutos de sexo “piedoso” sem inspiração a cada dois meses. Eu sei que isso virá como um choque, mas cada homem, ser humano, tem a sua própria teia única de medos, inseguranças, de coisas que o fazem triste, você sabe, vulnerabilidades.)
Uma vez que esta não é uma relação emocional eqüitativa — é uma relação de senhora e escravo emocional — então a mulher tem que procurar em outro lugar para ter as necessidades emocionais de adulto dela satisfeitas. É por isso que todas as pessoas que recomendam o modelo esposa dedicada insistem que a esposa dedicada tenha amigos do sexo feminino.
A esposa dedicada, por outro lado, é provável que seja a principal ou a única relação emocional de seu marido, a única conexão real dele com a humanidade. Provavelmente isso auxilia no processo de seqüestro de atuação dele, como se fosse uma invasão de seu corpo feito por uma impostora alienígena, uma vez ele que não tem outra saída para que suas necessidades emocionais sejam satisfeitas. Ou até mesmo uma perspectiva externa sobre o que está acontecendo com ele.
Outro indício para a verdadeira natureza do fenômeno esposa dedicada é a tamanha frequência com que as mulheres se engajam em falar sobre isso para alcançar seus objetivos de conseguirem que seus maridos façam exatamente o que elas querem.
Como um Defensor dos Direitos dos Homens muito inteligente observou, as limitações das mulheres são as obrigações dos homens. Quanto mais indefesa uma esposa dedicada é, mais ele tem que girar em torno de sacrificar sua vida por ela. Até que não reste nenhuma autonomia na vida dele.
O resultado final desse enredamento emocional é que ele se torna mais do que um veículo das necessidades dela. Esse contexto que diz que ela deve “obedecer” a seu marido torna-se uma espécie de farsa. Não há ser autônomo para obedecer.
Também é interessante como as pessoas que evangelizam o modelo “esposa dedicada” parecem assumir que, uma mulher emocionalmente dominar seu parceiro — seja por meio de abuso verbal ostensivo ou por meio do estilo de enredamento emocional “invasão-dos-violadores-de-corpos” — seja apenas um pressuposto. Ou ela é uma megera abusiva ou uma pária que tudo consome.
Mas existe uma terceira possibilidade que se opõe a ambas: um relacionamento adulto de respeito mútuo, em que uma mulher é grata pelos pontos fortes de seu marido e respeitadora das vulnerabilidades dele.
Nós muitas vezes entendemos erradamente que a natureza do modelo de “esposa dedicada” é algo benéfico para os homens porque estamos presos a ver a dominância como algo masculino. Nós achamos que o parceiro dominante em um relacionamento é aquele que toma todas as decisões, quando na verdade o parceiro dominante é aquele para quem essas decisões estão sendo tomadas. O parceiro que está no banco do motorista, por assim dizer, é aquele cujas necessidades foram priorizadas sobre as dos outros. E aquele que cujas necessidades foram priorizadas é sempre aquele que tem cooptado o instinto protetor dos outros. Aquele que é visto como a parte mais fraca. Essa também é aquela parceira que está tirando a principal vantagem de ter um relacionamento.
Por outro lado, quando uma esposa respeita as vulnerabilidades de seu marido, por definição, ela assumirá a liderança quando ele está vulnerável. Mas são as necessidades dele que são a força motriz por trás das decisões que ela toma enquanto está na liderança.
É por essa razão que os maridos de esposas dedicadas é que são os parceiros subordinados no relacionamento. Suas esposas nunca assumem a liderança, assim elas nunca assumem a liderança na tomada de decisões impulsionadas pelas vulnerabilidades de seus maridos. Em cada relação de igualdade, cada parceiro recebe um pouco de “eu”; já na relação esposa dedicada, existe apenas o “ela”.
É como aquela mulher que deixa seu marido pegar um caminho errado em uma auto-estrada e não diz nada, enquanto ele se humilha dirigindo por horas a fio no caminho errado. Ela prefere vê-lo sofrer a expor sua própria atuação e risco e assim diminuir seu próprio poder sobre ele. Para falar a verdade, ela nem sequer o vê como uma pessoa autônoma; os erros dele para ela são simplesmente um desastre, como uma enchente ou um tornado, que ela tolera a fim de acumular pontos com o deus dela.
Agora nem todas as esposas dedicadas irão levar essa dinâmica tóxica ao extremo de dominação emocional completa de seus maridos. O que estou dizendo é que essa dinâmica não oferece proteção para o homem de uma esposa que venha a levar.
Especialmente em uma comunidade cristã, onde o marido é considerado inteiramente responsável por todos os comportamentos de sua esposa. “Por que você está reclamando? As orações devotas de sua esposa não são suficientes para você?”
E os homens são particularmente vulneráveis porque não detectam os sinais sutis que indicam que uma mulher está praticando esse tipo de agressão psicológica contra eles. Quando um homem “se submete” é o fim do seu poder; ao passo que quando uma mulher “se submete” é apenas o começo do dela.
Além disso, você pode ver essa dinâmica também em um monte de relações seculares, não-religiosas. A esposa megera é apenas um subconjunto da esposa dedicada, excetuando-se a parte do bebê agitado o qual é mais vocal sobre suas necessidades. E você vê a mesma dinâmica coercitiva em algumas ideologias políticas: Faça-se parecer como vítima para apelar para o instinto dos homens protegê-la. É apenas o estilo de vida esposa “dedicada” destilando a dinâmica na sua mais pura essência.
E não, eu não estou dizendo que é impossível para um parceiro explorar sua parceira, desencadeando os instintos de proteção dela; eu simplesmente não consigo ver uma subcultura inteira dedicada a isso ou expectativas culturais onipresentes apoiando isso.
Portanto, em conclusão, por que razão a filha do sobrevivente foi dizer aos espectadores que ela foi ensinada que “as mulheres são frágeis”, com um ar tão palpável de presunçosa auto-satisfação?
Deixe-me traduzir as palavras dela, a partir da linguagem de dominância feminina para a linguagem de dominância de homens que são mais propensos a reconhecer àquela linguagem. “A fraqueza é minha ‘mão de cafetão’, mano. E vocês frouxos se mantenham na linha, porque o tapa dessa mão de cafetão é forte.”
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Typhonblue. Feminine Surrender as Emotional Dominance. Tradução de A. Hauer. [s.l.]: GendErratic, 2012. Disponível em: <http://www.genderratic.com/p/1288/v-leaks-feminine-surrender-as-emotional-dominance/>. Acesso em 23 dezembro 2013.
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Nota do Tradutor:
“Apexuality” vem de “apexual”, um termo criado pela Typhonblue. É a mistura das palavras “Apex” que quer dizer “ápice” em português, e “sexual” que quer dizer sexual, mesmo. Para Typhonblue, a “apexuality” , em resumo, é uma identidade reforçada nos homens pela luta entre eles pelo poder, e no sentido de poupar o outro sexo, o feminino, dessa luta. A “apexuality” tem a ver com a hierarquia de status entre os homens. Um exemplo disso é ver homens “alfa” ou de grande status apoiar um sistema que oprime e discrimina todos os homens de status hierarquicamente inferior.
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